(instruções em palestra para um grupo iniciante)
Monge Genshô – Havendo novatos ou antigos, sentamos quarenta minutos. Se alguém tem dificuldades físicas, pode sentar numa cadeira, não há problema, desde que sente numa cadeira com as costas eretas, sem se encostar. Se não suportar isso, não irá praticar depois, na realidade minha experiência é ao contrário, não facilite. Torne a prática realmente forte e isso vai ser o melhor. Quando fazemos sesshin as pessoas acordam as quatro da manhã e sentam seis e meia até oito horas por dia, claro, todos sofrem. Mas estou junto e sento com eles, todas as horas. Com o tempo a gente não sofre mais.
Se é para optar, em vez de ler, sentar. Porque ler todos podem ler em casa e a prática junta da meditação é mais eficiente porque é mais difícil levantar. Tem que haver um certo ardor em relação a prática mais severa. Eu recomendo que vocês tenham um altar, um Buda, incenso, flores. Mesmo que montem o altar para o zendô. Pode ser uma sala como essa, coloca-se os zabutons frente à parede, coloca o altar, delimita o local e quando entrar aqui é o zendô, cumprimenta-se, faz-se gassho e sentem de frente para a parede quarenta minutos. Depois pode-se ler um texto e não discutir. Depois de tudo recolhido, fora da sala se quiserem conversar tudo bem. Mas no zendô não. Isso começa a criar um espaço especial. Não vou dizer sagrado porque no Zen tudo é sagrado e nada é sagrado. Mas há que criar a energia da prática. Se puder separar uma sala especialmente para prática, melhor, mas não é essencial, ela pode ser montada na hora. O que não pode é ser lugar aberto, por exemplo, o zendo num lugar onde outras atividades ocorram, pois as pessoas que entrarem não irão cumprimentar.
Observação – É que até agora a gente meio que resistiu a isso.
Monge Genshô – É que existe certa resistência às formalidades e rituais, sei disso, eu também tinha. Quem tem muita resistência em fazer prostração vem e fala, outro dia um médico veio e disse – Eu tenho muita resistência com isso, me ajoelhar, encostar a testa no chão em frente ao altar, em frente à Buda – então eu disse que também tinha no passado, mas é um grande remédio para o ego, para o orgulho e se você sente isso é porque tem um grande orgulho. Então aquilo que você sente mais dificuldade de fazer é aquilo que você mais precisa.