Quando nós chegamos num segundo nível de ensinamento, os preceitos se mantêm, mas ensinamos que é claro que não se deve enganar ninguém, a não ser que seja um momento em que isso tenha um valor maior, como perceber que é melhor dizer: “Kyo Hô saiu daqui, não está” do que dizer a verdade e o algoz encontrá-la e matá-la. Então você mente. Mas existe um terceiro nível, um nível mais alto, exemplificado por aquela história de um Mestre que estava em seu templo, a cidade tinha sido invadida e entrou um soldado com a espada suja de sangue e pergunta a ele que permanece sentado calmamente: “você não vê que posso matá-lo neste instante?” e o Monge levanta os olhos para ele e diz: “e você não vê que eu posso morrer neste instante?”. Para ele tanto fazia viver ou morrer, tudo é fluxo, não existe ir nem vir. Esse é um nível de compreensão absoluta.
A resposta é que a 4ª Nobre Verdade aponta para os preceitos, para a virtude, e temos três níveis: virtude, compaixão e não dualidade. Na não dualidade não existe nem de quem se compadecer. O sofrimento do outro é o seu sofrimento. Nesse estágio não existe a ideia de compadecer-se e é perfeitamente lógico e legítimo que você se ofereça para morrer no lugar de outra pessoa, porque para você não há essa diferenciação. Se o assassino chega e pergunta quem é Kyo Hô, eu digo: “sou eu”. Ele me mata e pronto, está resolvida a sua missão. Temos que manter esses níveis de ensinamento em mente quando estivermos lendo.
[Trecho de palestra proferida por Monge Genshô Sensei]