Vida universal

Vida universal

Dogen Zengi chamava isto de shojo-no-shu (prática baseada na iluminação). A Vida-universal é a iluminação. Baseados nisto, nós praticamos sendo o universo inteiro. Isto também é chamado shusho-ichinyo (prática e iluminação são uma coisa só).
Todos nós preferimos a felicidade ao infortúnio, o paraíso ao inferno, a sobrevivência à morte imediata. Estamos assim, sempre bifurcando a Realidade, dividindo-a em algo bom e algo mau, algo do qual gostamos e algo do qual não gostamos. Da mesma forma discriminamos entre satori e ilusão e lutamos para alcançar o satori.
Porém, a realidade do universo está muito além da tal atitude de aversão e apego. Quando nossa atitude é “qualquer que seja”, “o que quer que seja”, “onde quer que seja”, então manifestamos o universo inteiro.
(TEXTO)
E por isto na Escola Soto, Dogen já ensinou assim: sente, sem procurar atingir a iluminação, só pratique aqui sentado porque já é uma mente iluminada a mente sentada ou tem grande potencial de ser. Não tente alcançar nada porque se você ambicionar alcançar isto também vira outra armadilha. Uma mente aquisitiva, um materialismo espiritual, a tentativa de obter algo para si mesmo. Não precisa. Só sente e olhe, mais nada.(COMENTÁRIO)
Em primeiro lugar, a atitude de tentar ganhar alguma coisa é, por si mesma, instável. Quando você luta para ganhar o satori, você está, indiscutivelmente, iludido, porque você deseja escapar de um estado de ilusão.
Dogen ensinou que a nossa atitude deve ser de prática e trabalho diligente em qualquer situação, seja ela qual for. Se caímos no inferno, atravessamos o inferno; essa é a atitude mais importante para se tomar. Se encontramos a infelicidade, devemos trabalhá-la com sinceridade.
(TEXTO) Isto é uma coisa interessante e às vezes a palavra zen é muito mal usada. Quando dizemos, esta pessoa é zen. Não. Zen também é encontrar a infelicidade, o sofrimento, então devemos andar dentro do sofrimento completamente. Saber sofrer também é a prática do zen. Entender a infelicidade completamente, percebê-la inteiramente. O pensamento que vem com ela, o sofrimento que vem com ela, a angústia que vem com ela também.(COMENTÁRIO)
Apenas sente-se na Realidade da Vida, vendo o inferno e o paraíso, aflição e alegria, vida e morte, todos com os mesmos olhos. Não importa a situação, nós vivemos a vida do eu. Devemos nos sentar imóveis sobre este princípio. Isto é essencial; é isto o que significa “tornar-se um com o universo”.
Se dividimos o universo em dois lutamos para alcançar o satori e escapar da ilusão, não somos o universo inteiro. Felicidade e infelicidade, satori e ilusão, vida e morte; veja-os todos com os mesmos olhos. Em cada situação o eu vive a vida do eu – tal eu deve fazer-se por si próprio. Esta Vida-universal é o lugar para onde retomamos.
(TEXTO)
(Em itálico texto de Uchiyama Roshi, comentários de Monge Genshô em palestra de sesshin)