Pergunta – O senhor disse que o primeiro passo é a virtude, sendo o caminho os preceitos, que o caminho para o segundo passo ( a compassividade) é o zazen e para o terceiro passo (a não dualidade) é o zazen de uma forma mais profunda. O senhor poderia falar um pouco mais sobre isso?
Monge Genshô – A medida que nos aprofundamos no zazen, e vamos mais fundo na nossa compreensão, ultrapassamos a noção de eu e os outros, eu e o universo e vai chegar um momento em que tudo se dissolve. Quando o eu puder ser abandonado, mesmo que por alguns momentos, você experimentará o que é não dualidade e esse será um momento de kenshô (ken = ver, sho= verdadeira natureza), um momento iluminado.
Na medida que você conseguir ter mais experiências como essa, talvez um dia você consiga obter o domínio sobre esse tipo de experiência, isso seria o satori ( a iluminação), você será proprietário da experiência da não dualidade e pode chamá-la a qualquer momento. Não significa que você fica transitando nesse mundo sem um eu, porque precisamos de um eu para fazer as coisas, para falar, trabalhar, agir. Mas para obter a iluminação você precisa ser capaz de descartá-lo a qualquer momento da mesma forma que você tira uma camisa. Você precisa da camisa, mas você não é a camisa. Você precisa de seu eu mas você não é seu eu. Perceba que a vida diária é pura dualidade.