Pergunta: A mente infinita não é parecida com a nossa noção de consciência?
Monge Genshō: Não. É só uma maneira de se referir ao vazio. Veja que “mente infinita”, “vazio”, “inconcebível”, “Dharmakaya”, tudo está sendo usado como sinônimo. Todos significam algo que se manifesta através da forma, porque o vazio budista não é o nada, não é vazio de algo, na realidade ele é potência, porque dele tudo surge, embora ele só seja aquilo que se manifesta.
Quando dizemos “mente infinita”, pode haver tentação de pensar que há uma individualidade por trás, ou um plano ou alguém, mas não é isso. Por isso, a palavra “vazio” é usada. Também a palavra “vazio” é complicada e pode levar a enganos. Talvez fosse melhor nós usarmos a palavra original shunya, sem tradução, que é o termo em sânscrito. Seria uma palavra desconhecida, mas todos pensariam que shunya é alguma coisa também. Shunya é o que traduzimos como vacuidade.
Pergunta: Seria correto entender isso como uma forma de se referir ao todo sem pensar nas coisas? As coisas estão na forma?
Monge Genshō: Sim. O risco que acontece é de reificar, dar realidade ao vazio, ou seja, reificar o vazio. Dar para ele, ao vazio, algo, chamá-lo de um Deus, por exemplo. Porque não existe um propósito, nem nada, no vazio. O vazio é a própria forma. Na verdade, o Dharmakaya é perfeito em toda sua imperfeição: tudo que parece sofrimento também é ilusório, também pertence a este reino das aparências, que é o reino das ilusões. Compreender isso dá vontade de rir, porque nada que parecia que tinha importância tem. Tudo que parecia que tinha importância não tem.