Uma palestra de um mestre

Uma palestra de um mestre

“Todo mundo tem uma história. Muitas coisas diferentes acontecem à pessoas diferentes nessa história, mas a base não muda. Porque a base da história é o verdadeiro movimento do “self”. O verdadeiro movimento do “self” significa nenhum movimento, porque estamos todo o tempo com isto, unos com todo o universo. Nada dentro, nada fora. Nem sujeito nem objeto. Nem “eu” nem os outros. O que é isso? Tem um som aqui? Isso é verdade. Mas, ao mesmo tempo que você ouve esse som, o som não está aqui. Ele está em você.
A realidade está além de sujeito e objeto e além de sujeito e objeto significa unidade. Dessa forma, uma história pessoal muda muito, mas não muda nada, isso é a base da vida. Quando usamos incenso, podemos cheirá-lo; onde está o cheiro do incenso? Na fumaça? É verdade. Ao mesmo tempo que você pode sentir o incenso como bom ou ruim, você pode dizer que gosta ou não gosta de alguma coisa. Isso significa em você estar além de sujeito e objeto. Somente a totalidade e a unidade podem falar sobre o cheiro. Assim é com o gosto da comida ou bebida. O gosto está na comida? É verdade. Mas ao mesmo tempo, não é verdade. Quando você prova e diz que é muito bom, o gosto está em você e isso significa além de lá e aqui, além de sujeito e objeto e, na unidade, o gosto existe.
Da mesma forma quando sinto calor, não é uma coisa que está aqui ou ali; quando o dia está quente ou frio, está em mim, mas ao mesmo tempo é verdade que está aqui ou ali. O som, o gosto, o cheiro e o frio que sentimos, existe na unidade, quando os seres humanos começaram a usar seu cérebro para pensar coisas, para resolver problemas. Para usar o cérebro nós precisamos de linguagem e a base da linguagem é usar idéias opostas. Isto ou aquilo, começo ou fim, dentro ou fora, eu ou os outros, sujeito ou objeto, em cima ou embaixo, direita ou esquerda, iluminação ou delusão? Dessa forma os seres humanos têm tentado resolver seus problemas com sua atividade mental. Assim, quando uma criança nasce e cresce, o que os pais fazem? Colocam um nome na atividade mental, isto ou aquilo, eu e os outros. Assim, através dos anos quando a criança cresce nunca duvida acerca das idéias de isto ou aquilo, eu e os outros.
Mesmo Shakyamuni Buda levou seis anos para resolver e entender que a realidade está além da linguagem. Levou seis anos para Buda clarear sua mente e perceber que usamos a ilusão como uma ferramenta para usar a linguagem e resolver problemas. Nós concordamos que em cima é esse lado e para os japoneses embaixo é o outro lado do mundo. Para os chineses o dia é nessa direção, para outro povo é em outra. Para todo mundo é em cima e se é somente para cima, o embaixo nunca existe? Também em cima não existe. Na atividade mental se eu digo em cima e este lugar é aqui, eu preciso da idéia do oposto, embaixo. Mas se em toda a parte de todo o universo, o em cima for para cima, então o em cima não existe. Isto é vacuidade, isto é unidade e nesta unidade nós estamos vivendo além da atividade mental. Essas sequências de opostos são fáceis de serem entendidas pela atividade mental. Uma coisa boa para Bush é uma coisa ruim para Saddhan Hussein e uma boa coisa para Saddhan Hussein é ruim para Bush. Todas as coisas como direita e esquerda, em cima e embaixo são apenas coisas condicionadas e assim nós estamos usando a ilusão como uma ferramenta para resolver problemas e nos comunicarmos.”   (Saikawa Roshi)  (continua)