Pergunta – Chegará o dia em que todos alcançarão a iluminação?
Monge Gensho – Cada universo um dia findará e então, simplesmente, um novo dia cósmico acabará iniciando. Como citei no início, tudo é cíclico.
Pergunta – Fiquei meio confusa, gostaria que o senhor desse um exemplo prático sobre a eliminação do “eu” para poder ter uma vida equilibrada e sobre termos que retornar diversas vezes para poder ajudar as outras pessoas.
Monge Gensho – Mesmo que o “eu” seja ilusório, você não consegue trabalhar e operar no mundo sem usar seu “eu”. O “eu” é uma ferramenta. O problema é que você acredita nele. Por exemplo, você tem uma echarpe no pescoço e a usa para uma determinada finalidade hoje, por aparência. Ao chegar em casa, você a tira e a coloca no guarda-roupa. Apesar de tê-la usado para sua aparência, ela é você? Não, não é. O “eu” também é assim, também é uma aparência da qual você precisa. Se você dirige uma empresa, tem que usar de autoridade, tem que afirmar: “Eu estou dizendo para fazer assim!”. Não adianta reunir as pessoas e dizer, “O universo deseja que vocês ajam…”. É preciso dizer: “Eu quero que façam dessa forma, caso contrário, não poderemos trabalhar juntos”. Então você tem que usar o “eu”. O “eu” é uma ferramenta para ser usada quando for útil. De nada adianta chegar em casa, entrar no box do banheiro e dizer ao chuveiro, “Eu ordeno que você verta água!” pelo menos atualmente.
Quando o “eu” não é útil, não adianta. Isso me lembra uma piada que meu filho me contou sobre Chuck Norris. Existem muitas piadas sobre Chuck Norris; uma delas diz que ele não faz flexão de braços, ele empurra a Terra. Ou, Chuck Norris não precisa abrir a torneira, ele encara o chuveiro até ele chorar. Isso é acreditar muito no seu “eu”. Eu (Chuck Norris) não faço flexão de braços, eu empurro a Terra. É uma piada muito interessante, uma piada sobre um grande “eu”. Então, o “eu” é útil, é uma ferramenta para ser usada, mas é uma fantasia. Eu estou usando roupas de monge, eu sou monge, e digo, “Me chamem Monge”. E as pessoas dizem “Senhor”, e temos toda uma etiqueta. Mas eu sou monge, ou monge é uma fantasia útil para a prática do Zen? Monge é uma fantasia útil para a prática do Zen cheia de profundos significados, com seus mantos, cabeças raspadas, tudo isso formando uma metodologia para a prática. Mas ela toda é funcional, pois todo o método Zen é um funcionamento. Trata-se de um método, não de uma verdade. É apenas um método útil, muito efetivo, muito bem testado: mais de dois mil anos de teste.