Às vezes as pessoas se perguntam, “qual o sentido da vida?” elas querem respostas para perguntas como, “por que estou aqui?”, “para onde vou?”, “de onde eu vim?”, são perguntas centradas no “eu”. “De onde eu vim?” pressupõe que existia um eu antes que me desse conta. “O que estou fazendo aqui?” tem que haver um propósito para minha existência, um propósito dado por algo superior. “Para onde eu vou?” meu “eu” tem que continuar para sempre, desejo a estabilidade do “eu”, mas nem o “eu” é estável, ele também está em contínua mudança e, como Buda explicou, é tudo uma ilusão, o “eu” é uma construção.
Mas, isso tudo não quer dizer que não vivamos as consequências dos nossos atos, sim vivemos, porque na verdade não somos um “eu”, somos um carma se manifestando e o fruto dessa manifestação, um ser, ele é que diz “eu sou”. Então o “eu” é produto de uma operação mental, só isso, e por isso ele é construído e ilusório. Se temos tal fluxo que vai mudando tudo e mesmo esse “eu” não é sólido, mas carma, tudo o que provocamos, fazemos e tentamos, produz movimento e esse movimento continua gerando novos “eus”, por isso existe renascimento, porque geramos carma.
Se queremos nascer melhor, termos vidas melhores, então basta mudar o carma, mas se queremos escapar desse ciclo precisamos ambicionar mais alto, precisamos ambicionar uma iluminação completa, aí sim, a iluminação completa nos tiraria do ciclo. Mas isso é um trabalho de longo prazo, e veremos que a própria ambição é um obstáculo pois é a ambição de um eu. Quando Buda se iluminou, lembrou-se de quinhentas vidas. Quinhentas manifestações com “eus” diferentes do seu carma, quinhentas vidas como Bodhisatva antes de ser Buda. Por isso não se admirem que quando a gente senta é tão difícil, porque para pararmos essa energia que nos move e podermos ser como Buda precisamos de um longo trabalho, e aí eu lhes pergunto, em que ponto vocês estão dessas vidas? Já são Bodhisatvas?
O que é um Bodhisatva? Alguém que se manifesta nesse mundo porque quer, porque sente compaixão pelos outros seres, então tem que ter uma vida de Bodhisatva. Quando costuramos o Rakusu e fazemos os votos, esses votos chamam-se “Votos de Bodhisatva”.