Pergunta – Existe algo que não seja um teste?
Monge Gensho – Que não seja um teste, você quer dizer, que não seja um método? Tudo no Zen é um método, tudo no budismo é um método. Por isso é difícil dizer que o budismo seja uma religião ou uma filosofia.
Pergunta – Na nossa vida diária tudo tende a ser um teste. A gente vive para as experiências, não é?
Monge Gensho – Se você experimenta e testa, você pode saber o que funciona bem para você. Mas não precisa acreditar que o que é bom para você é bom para os outros.
Pergunta – Essa é então uma existência ilusória, um teste ilusório?
Monge Gensho – Não, nossa existência não é uma ilusão, nossa existência é uma existência. As coisas são como são. Não se trata de um teste, não existe ninguém lá fora nos testando. Não existe nenhuma organização lá fora fazendo um teste conosco, não é assim. Ilusão é o eu.
Pergunta – Então, somos nós mesmos testando nós mesmos?
Monge Gensho – Se você quiser… Eu prefiro só viver.
Pergunta – Mas então, como chamamos o budismo? Não é religião, não é filosofia, como o definimos então?
Monge Gensho – Edward Conze deu uma declaração interessante: “O budismo é um pragmatismo dialético de métodos psicológicos”. Pragmatismo, porque é prático. Dialético, porque seu método é discursivo e argumentativo. Métodos psicológicos, porque todos os métodos de prática do Zen são formas que têm efeitos psicológicos. O zazen é assim, um método para o aumento do conhecimento sobre nós mesmos, por exemplo, um método para descartarmos a ilusão de um eu separado de tudo. Chamar o budismo de religião é tentar enquadrar o budismo dentro de um conceito bastante ocidental.