P. Neste sentido a gente não tem idéia se o karma está se dissolvendo…
R. O karma é como estar mergulhado numa torrente que nos arrasta, a maior parte do tempo a gente não consegue escapar do nosso karma, vocês que estão aqui alguns são homens outros são mulheres por karma, já são brasileiros por karma, já estão em Florianópolis por karma, estão no sesshin por karma senão não haveria energia para vir procurar isto, nós vamos marcando um sulco que vai nos arrastando, a gente modifica nosso karma a medida que eu tomo, por exemplo, a iniciativa de procurar ser monge, isto me arrasta, não posso evitar os compromissos de monge, então vai criando aquele sulco, vocês também quando estão trabalhando na Sangha e assumem um cargo o cargo criou uma responsabilidade, aí vocês não podem deixar de ir à Sangha porque tem uma responsabilidade com o grupo, precisa um certo esforço para se desvincular, isto significa o que? Você criou karma para aquela vinculação e o karma funciona para os dois lados, se a gente começar a ir numa casa de jogo ou mais fácil ainda começar a traficar drogas, daqui a pouco não consegue escapar mais de jeito nenhum porque aquele grupo com o qual você se vinculou não deixa mais você escapar, é a mesma coisa, então karma a gente cria constantemente e a gente também pode modificar. Eu comecei a dizer que ia ser monge por volta dos 30 anos, eu comecei a pensar nisto antes dos 30, eu conheci o Dharma com 26 anos, mas eu só fui levar a prática à sério depois de 1992 então a gente também leva tempo para cavar um sulco que nos conduz, aquilo pode ser um simples pensamento – eu quero isto, então a gente pode mudar o karma, dá trabalho, mas tem as oportunidades, normalmente a gente está arrastado pelas correntes, mas existem momentos de reflexão em que você pode fazer uma escolha, às vezes o momento se apresenta, ah, eu posso fazer um sesshin, eu vou para o sesshin.