Pergunta – Acredito que em relação à questão da dependência do professor ou da Sangha, é importante que a pessoa tenha uma força interna para praticar, algo que lhe seja inato, uma força de vontade. Seria isso?
Monge Genshô – Não é inato, é construído. É claro que o sesshin, a Sangha e todo o restante, serão reforços que nos levam à prática. Mas ter uma determinação própria que não dependa do professor, é muito importante.
Pergunta – Na última semana conversamos sobre tempo de zazen para o dia-a-dia, para reforçar a prática. O que o senhor acha disso?
Monge Genshô – Acredito que o tempo do zazen seja apenas uma convenção. O tempo de quarenta minutos ficou estabelecido, na realidade, em razão do tempo médio de duração para a queima do bastão de incenso. No tempo de Dogen, quando os monges estavam cansados de ficar sentados, levantavam e faziam Kinhin e depois voltavam a sentar-se. Em algumas ocasiões, como no final do retiro de Rohatsu, ainda é assim. Ficamos sentados enquanto conseguirmos: algumas pessoas ficarão sentadas quinze minutos, outras uma hora. A prática não depende de tempo, mas sim de qualidade. Uma boa concentração de cinco minutos pode ser muito importante. Depende de sua mente e de sua habilidade de entrar em samadhi. Não existe um tempo padrão, embora, através dos tempos, se tenha estabelecido que o período de quarenta minutos seria razoável para a maioria das pessoas. Uma lenda do budismo diz que Bodhidharma sentou por tanto tempo que suas pernas secaram e para não adormecer durante o zazen, cortou suas pálpebras. Onde elas caíram, nasceu uma arvore de chá, então os monges passaram a tomar chá para não dormir.