Na reunião passada nós falamos nisso, que as vidas terminam, que tudo termina e tudo cessa. E que não existe um futuro nem para o sistema solar, nem para esse mundo. A longo prazo, o sol vai se tornar num gigante vermelho e vai torrar a Terra. Talvez muito antes disso, nós destruamos a Terra ou a nossa civilização, ou a nossa espécie sofra uma catástrofe gigantesca, assim como os dinossauros sumiram, assim como tantas civilizações na história da humanidade já desapareceram. Várias civilizações das Américas foram assim. E mesmo se da nossa civilização não sobrar nada, essa não é uma visão niilista, porque se nós olharmos mais profundamente do ponto de vista budista, nós pertencemos a um vasto universo, nós somos uma gota num enorme oceano. Não existe como sair daqui. Então não existe na verdade nascimento e morte: eles parecem eventos, mas são manifestações cármicas.
Se vocês procurarem algum sentido profundo para suas vidas, verão que somos bolhas – surgimos e desaparecemos como relâmpagos, eventos momentâneos dos quais ninguém se lembra depois. Exatamente como vocês, que não se lembram dos seus bisavós (ninguém sabe o nome dos seus oito bisavôs. Eu pergunto isso há centenas de palestras e nunca ninguém falou que sabe de cor o nome dos seus oito bisavós), ninguém vai se lembrar de vocês também daqui a três gerações. Seus corpos estarão apodrecidos ou transformados em cinzas. Pronto. (continua…)