Se você está terminando o curso de medicina e resolve fazer engenharia, mas chega no quinto ano de engenharia e desiste, resolve fazer advocacia, então está fazendo advocacia e não era bem isso que queria, decide fazer psicologia para se descobrir, mas não é bem isso, depois pensa que deveria ter sido Monge. E aí já está acabando a vida e não deu mais tempo. Então, não é assim, a vida vai se mostrando à medida que você vai caminhando, mas você tem que caminhar em uma direção determinada. Por isso, espiritualmente não é boa ideia ficar trocando de caminho espiritual. Se um padre vem e me diz assim: “estou pensando em mudar para o Zen”, eu digo: “poxa, mas o catolicismo tem caminho espiritual, e tem grandes místicos cristãos. É muito mais fácil ficar dentro do caminho que está e se aprofundar nele”.
Há místicos cristãos que dizem coisas belíssimas: Meister Eckhart tem um sermão alemão que diz assim: “Deus não teria existido se eu não tivesse querido”. Essa é uma declaração e tanto para um frade dominicano, não é? “Deus não teria existido se eu não tivesse querido que ele existisse”, ou seja, sou eu o criador de Deus – é isso que ele está dizendo. É um frade dominicano do século XIII, está lá dentro do Cristianismo e lá está a profundidade, como no Zen. Se você já está dentro daquele caminho, foi fundo naquele caminho, por que você vai trocar? Vá fundo no seu caminho, se você troca irá complicar. Quando tempo a gente leva para andar um pouco no Zen? Quando alguém diz: “já estou praticando há cinco anos”, eu digo: “aham” (risos). Nenhum caminho espiritual é diferente: não são fáceis.
[Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]