Monja Isshin comenta em seu blog (link ao lado)
“Encontro muitas discussões – e ninguém consegue chegar a uma conclusão definitiva – questionando se devemos considerar o Buddhism como uma religião ou uma filosofia. Mas isto é como tentar colocar uma peça redonda num buraco quadrado – não dá certo, pois os conceitos “religião” e “filosofia” são conceitos ocidentais e o Buddhismo não nasceu no ocidente.
Mesmo chamar a nossa prática de Zazen de “meditação” não é uma boa tradução, pois o termo original, “bhavana”, significa cultivo ou desenvolvimento. Assim, temos as práticas de metta-bhavana (cultivo de bondade amorosa), panna-bhavana (cultivo de sabedoria ou desenvolvimento de compreensão) e samadhi-bhavana (cultivo ou desenvolvimento de concentração), samatha-bhavana (cultivo da tranquilidade) e vipassana-bhavana (cultivo de “insight”), entre outros.
A palavra “meditação” pode induzir praticantes ao erro de pensar que a Iluminação é simplesmente o resultado do praticante ter alcançado um determinado nível de compreensão mental. Mas o Mestre Dogen é muito claro em nos instruir que precisamos “Aprender a Verdade com Corpo e Mente” (Shobogenzo, “Shinjin-gakudô”). Talvez seja por isso que a “forma” é tão importante no Zen japonês. Através do cultivo (”bhavana”), não somente a mente, mas também o corpo se ilumine e realizamos (tornamos real) o Caminho de Buddha.
Mesmo a palavra “zen”, que vem da palavra “ch’an” que foi a transliteração chinesa do termo dhyana (sânscrito) ou jhana (pali), frequentemente é mal-traduzida, como a meditação zen-budista. Mas, zen-ch’an-jhana-dhyana significa “absorção mental” e representa a base fundamental para o desenvolvimento da Concentração Correta.”
Em seguida, compartilho um texto do Blog “Ox Herding“:
Hoje em dia, as pessoas se perguntam como devem chamar o Buddhismo. Muitas se referem ao Budismo como uma religião, outras o chamam uma filosofia, visão de mundo ou até mesmo um estilo de vida.
Estes conceitos teriam provocado estranheza nos Buddhistas antigos.
Os primeiros textos Buddhistas se referem aos ensinamentos de Buddha como um “sistema de treinamento” – shiksha, em Sânscrito. O treinamento Buddhista tem resultados específicos, tais como: generosidade, sabedoria, compaixão, bondade, e outras qualidades. E, obviamente, o despertar completo para a Natureza-Buddha inerente.
Os primeiros professores Buddhistas dividiram os praticantes em dois grupos: os que estavam ainda engajados no treinamento (shaiksha) e aqueles que haviam completado o treinamento (ashaksha).
Como comenta o tradutor Red Pine, “O Buddhismo é melhor compreendido como uma habilidade ou uma arte a ser treinada e aperfeiçoada e não como informação ou conhecimento a ser aprendido e acumulado.”