Nós não sentamos em zazen para nos iluminar. Não fazemos isto e nem viemos ao sesshin para obter a iluminação. Todos já são iluminados intrinsecamente nós sentamos sem objetivos. Só sentamos. Sentamos lá e ficamos quietos com a mente panorâmica que percebe todas as coisas, só escutamos as cigarras cantarem, o vento passar, o riacho. Se você apenas ficar percebendo isto, se em algum momento você for o riacho, fizer o ruído do riacho, você entrar lá, então esse é o momento.
Há uma resposta de um mestre Zen numa situação muito semelhante.Um discípulo perguntou: Onde é a entrada?O mestre perguntou: você ouve o ruído do riacho? Sim, respondeu o discípulo. É ali, disse o mestre. Essa resposta é a mesma para nós: a entrada é ali. Mas enquanto você ouvir ele fora de você, você não entrou, não passou a entrada. Mas não pense em entrar. Só sente e ouça. Se sua mente se cala você pode entrar. Enquanto sua mente estiver falando: eu sou fulano, eu estou aqui sentada, eu estou cansada, meu joelho dói, enquanto você estiver pensando eu, eu, eu…você não pode entrar porque o passaporte para entrar nessa entrada é não ter passaporte, enquanto você tiver passaporte, impressão digital, retrato, nome, não pode entrar.(Comentário de Monge Genshô)
Os comentários desta palestra foram sobre o texto de:
Taizan Maezumi Roshi. Ensinamentos da Grande Montanha.Tradução de Rita Moreira. São Paulo:Francês, 2005.