Aqueles que têm um nível econômico mais baixo, têm um objetivo mais baixo. Aqueles que já têm um nível um pouco mais alto, já tiveram um objetivo mais alto. Por quê? Porque não queremos perder o padrão que alcançamos. Minha própria vida é assim: eu comecei como vendedor, depois supervisor de vendas, depois gerente de empresa, depois diretor de empresa. Sempre, a cada passo, tudo parecia maravilhoso. Logo depois, aquele dinheiro era insuficiente. Queria um patamar superior. E isso é bem da natureza humana. Por isso o ditado budista: toda a riqueza do mundo não é suficiente para a ambição de um só homem.
A libertação das paixões passa pela lucidez de enxergarmos sua verdadeira natureza: “ah, esta paixão é toda construída, toda vazia de significado, pois eu que a construo”. Ela não é real, ela não é sólida, eu inventei e eu que a persigo. E toda a felicidade e infelicidade que vem da satisfação da paixão também é vazia, porque ela parece fazer sentido em um momento e, no momento seguinte, não é mais assim. Todo objetivo alcançado mostra um objetivo mais a frente.
Nós precisamos descobrir qual espécie de lucidez precisamos ter para viver nossas vidas, neste momento, com plena satisfação. Como eu posso considerar que eu subi realmente, que estou no pico da montanha, mas ser capaz de considerar que a planície é o pico da montanha? Como obter a consciência de que não há outra coisa para alcançar, que tudo já está perfeito e alcançado? Só assim pode haver paz. Enquanto houver ambição, esta paz está escapando.