Pergunta: Poderia comentar a diferença entre aspiração e expectativa?
Monge Genshō: O que você aspira é o que você tenta alcançar, expectativa é o resultado que você espera conseguir. Mas praticamente estamos falando de um problema de semântica.
Pergunta: Quando um leigo sente dentro de si uma verdadeira vontade de ser monge para ajudar o outro, sente que seu tempo é curto, o que deve fazer para mostrar ao mestre que está pronto?
Monge Genshō: Isso vai ser uma questão muito pessoal. O mestre vai julgar em relação a muitos pequenos e sutis pontos do comportamento, da personalidade e do aluno. Não há nehuma fórmula pronta para isso.
Pergunta: Se um país invasor e um invadido, vivessem o Dharma de Buddha e tivessem alcançado o despertar como seria essa história que estamos vendo?
Monge Genshō: Temos bem a história de Ashoka, o grande imperador hindu que difundiu o budismo. Ele renunciou a toda conquista, a toda guerra. Se um país seguisse o Dharma de Buddha jamais agrediria outro país, jamais usaria a força para impor suas ideias e foi isso que Ashoka demonstrou. Suas estelas de pedra, mais de 2.000 anos depois, ainda estão de pé na Índia dizendo que toda religião deve ser respeitada, que todos os seres devem ser respeitados e que a força não será empregada. É bem simples, mas não podemos condenar aqueles que se defendem, porque mergulhamos no mundo dos infernos, do ódio, da raiva, da vingança, da falta de compaixão. E na realidade temos o inferno acontecendo agora, o difícil para nós é dominarmos a nossa aversão sem perdermos a compaixão pelos nossos agressores. Essa é a mais difícil de todas as tarefas, porque imediatamente sentimos indignação e raiva. Se estivéssemos falando de monges ou mestres, eles deveriam se mostrar capazes de morrer sem reagir.
Tem uma célebre história de um guerreiro que entra num tempo e encontra um mestre meditando. O guerreiro tem a espada suja de sangue e o monge não mostra nenhuma reação ou medo. E o guerreiro diz “não vê que posso matá-lo neste instante?” e o mestre responde “e você não vê que sou capaz de morrer neste instante?”. Essa história mostra a resposta que uma mente absolutamente pacificada teria, mas nós não podemos esperar isso das pessoas que têm suas casas destruídas e famílias mortas. Não são seres completamente despertos. Simplesmente vemos a lógica do inferno funcionando numa guerra. Devemos lamentar e tentar evitar que nosso próprio país ou civilização tenha esse tipo de conduta.
Perguntas respondidas por Meihô Genshô Sensei, palestra Daissen-virtual, março/2022.