Buda colocou o foco de seu treinamento no sofrimento. Quando alguém lhe perguntava sobre a existência de espíritos e deuses ou sobre a origem do mundo e vida após a morte, ele se recusava a responder, pois especular sobre esse assunto não resolve o problema do sofrimento, portanto não é relevante.
Desta forma Buda se recusava a discutir coisas não verificáveis e dava atenção aos problemas da mente e em como construímos nosso sofrimento. Por mais incrível que possa parecer, a felicidade está plenamente disponível. Nosso sofrimento é construído dentro da nossa mente. Quando alguém pergunta como construir sua liberdade, a única resposta possível é: “Quem lhe impede? Quem te impede de fazer qualquer coisa”? É com nossa maneira de ver o mundo que construímos nosso sofrimento e nossa prisão.
Construímos nossa ansiedade alimentando expectativas futuras. Construímos nossa angústia pensando em nossa finitude, nossa morte e no fim de todas as coisas. Pensamos logo em seguida em qual o sentido da vida se tudo caminha inevitavelmente para uma dissolução. Ao nos enchermos de angústia e ansiedade perdemos o mar, as montanhas, os pássaros e as flores, perdemos esse imenso privilégio de estarmos aqui. Por fazermos as coisas rápido demais perdemos o contato com a realidade e todo o sesshin é construído para que retomemos esse contato com a realidade do momento presente.
Ao ficarmos silenciosos não agitamos nossa mente com conversas inúteis, não fazemos piadas e nem brincamos com os outros, desta forma não agitamos nossa mente e nem a dos outros. Os rituais são longos e monótonos para que comecemos a prestar atenção aos detalhes. A refeição com oryoki é uma aula de momento presente onde em cada palavra e cada verso, somos chamados a prestar atenção. Com nossa mente temos a capacidade de transformação.