P: Tenho aceito com dificuldades o fato de a personalidade ser transitória assim como a alma uma ilusão. Meu eu era meu chão e minha crença atual me deixa perdido e triste. Tento me agarrar a algo que faça sentido, apesar de ter aprendido que não devemos nos apegar a nada. Às vezes, angustiado, peço a Jesus que me ajude de alguma forma, mas não ouço nenhuma resposta. Aliás ele também diz coisas que parecem budistas: quem quiser salvar-se, negue-se a si mesmo; quem perder a sua vida salvá-la-a.
R: É assim mesmo, Paulo diz nos evangelhos: “Não sou mais eu quem vive, mas Cristo que vive em mim” traduzindo para o budismo: “a unidade que vive em mim”. É preciso abandonar corpo e mente, o que sofre em você? Seu apego a um eu. Por esta razão São João da Cruz diz em um verso: “morro porque não morro”, ao resistirmos a desistir de um eu permanente morremos para a eternidade, porque só morrendo para a impermanência podemos reconhecer o sem fim nem começo.