Nós nos achamos muito importantes, muito relevantes. Por isso a pergunta é: “já que nós atingimos tal nível de consciência, quem somos nós, verdadeiramente, além disto?”. Essa pergunta precisa ser resolvida com a experiência, com a visão pessoal. Isso se chama Kenshô, as primeiras experiências que querem dizer “ver sua verdadeira natureza” (KEN = ver; SHO = verdadeira natureza).
Só que tal experiência precisa ser aprofundada muitas vezes até nós dizermos: “ah, esta é uma iluminação relevante”. Embora o kenshô seja uma experiência iluminada, ela é curta, evanescente, que fica só como uma lembrança. O kenshô não é uma experiência tão difícil de ser obtida.
No Zen, é disso que estamos falando e é para isso que estamos trabalhando. Nós estamos jogando fora todos os deuses, todas as almas, todos os espíritos, todas as crenças sobrenaturais. No Zen não há espaço para isso. Para o Zen, já é sobrenatural o suficiente nós estarmos sentados aqui nesta sala, com corpos feitos de átomos antiquíssimos, mais velhos que a Terra; estarmos organizados como seres viventes; estarmos conseguindo conversar sobre este assunto – isso tudo é profundamente sobrenatural, e as pessoas mesmo assim ficam procurando homenzinhos verdes, ou fantasmas, ou milagres, ou poderes especiais…
O milagre está disponível aqui e agora. É incrivelmente milagroso! Como nós não enxergamos isso?
[N.E.: trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]