Quando vamos nos sentar não podemos esquecer de cumprimentar o lugar onde vamos sentar com um gasshô. Existem duas formas de gasshô, uma que é simplesmente colocar as palmas das mãos na altura do nariz, um punho de distância do rosto. E outra que é gasshô tezo, quando fazemos gasshô com uma reverência.
Gasshô tem o significado da união de corpo e mente. Não há mão direita e nem mão esquerda, todas estão juntas. É uma excelente figura daquilo que acontece em relação a verdadeira irmandade e verdadeira compaixão. É como se você estivesse martelando alguma coisa e com sua mão direita batesse com um martelo na mão esquerda, sem querer, sentindo uma dor imensa. Imediatamente a mão direita larga o martelo e socorre a mão esquerda, protegendo-a. Nunca veremos a mão esquerda pegar o martelo e bater de volta na mão direita dizendo “venha, eu quero me vingar”.
Isso significa que há verdadeira unidade entre a mão direita e esquerda. A ideia de ódio e vingança não existe entre as mãos da mesma pessoa e assim devíamos nos sentir em relação a todos os seres.
Sentamos em zazen bem retos e direitos, deixamos nosso abdômen se expandir para respirarmos profundamente. Escaneamos nosso corpo da cabeça aos pés procurando quaisquer músculos contraídos, qualquer coisa desnecessária e relaxamos.
E assim, retos e imóveis, ouvimos os sons do mundo sem criticá-los, sem julgá-los, sem fazer coisa alguma. Somos um com todos os seres. Sem nenhuma luta, sem brigar com os pensamentos ou se espantar com eles. Simplesmente reconhecendo que são meras fantasias que borbulham em nossa mente e voltamos para este momento. Os sons de agora que nos rodeiam. Nossa imobilidade, como se fôssemos o centro de todo o universo, mas nos expandíssemos e fôssemos pouco a pouco abrangendo o todo, aceitando sem lutar nem protestar.
A ideia é tornarmo-nos senhores de nossa mente. Assim não sermos mais arrastados por ela, mas sim sabermos realmente acalmá-la, voltar ao essencial, ao simplesmente ser.
Com essa atitude mental criamos condições para que nossa mente possa repentinamente chegar a ver nossa verdadeira natureza, além desse eu de fantasia. É como um sonho.
Se sabemos como é, quem realmente somos, além de surgir e desaparecer, além de qualquer eu, então sendo o próprio universo, então estamos perfeitamente livres de nascimento e morte. Toda dor e agonia se dissolvem em perfeita calma e felicidade.
Teishô Matinal proferido por Meihô Genshô Sensei, abril de 2021.