Você quer praticar o Zen, porém em sua cidade não existe nenhum centro budista. Você conhece outras pessoas que tem interesse em começar a estudar o budismo, ou mesmo ainda não conhece ninguém. Será que você mesmo pode começar um centro de estudos buddhistas? Sim, e isso é um belo início de prática!
A prática individual é incompleta comparada à prática em grupo. Esta é mais rica e forte. A prática em grupo possibilita a troca de experiências, auxiliando a superação das dificuldades. Os praticantes mais antigos podem ajudar os mais novos, principalmente dando um bom exemplo. Os mais novos também auxiliam aos mais antigos, permitindo que esses possam treinar a prática de ajudar aos outros. Sentar em meditação em grupo é mais fácil, ver que os outros estão persistindo ajuda a não desistir. Isso aumenta a disciplina e força da prática. Ver a dificuldade dos outros ajuda a aceitar a própria dificuldade. Ver a evolução e superação dos outros ajuda a evoluir e a se superar.
A prática em grupo ajuda a despertar a mente de boddhisatva – que pratica para ajudar aos outros. Praticar para si próprio é uma forma incompleta de prática. No buddhismo Zen um grupo de prática buddhista bem estabelecido é informalmente denominado de Sangha, que é considerada uma das Três Jóias – juntamente com o Buddha e o Dharma (conjunto de ensinamentos buddhistas, a lei, a doutrina).
Criar um grupo de prática pode parecer difícil, mas os primeiros praticantes do Zen muitas vezes tinham que percorrer centenas de quilômetros a pé à procura de professores e dos ensinamentos! Hoje a tecnologia permite uma maior facilidade de acesso ao conhecimento e orientação à distância, porém a prática em grupo, o contato pessoal com professores experientes e qualificados (o tanto quanto for possível) e a participação em retiros de prática sempre serão essenciais.
2. Estudo
No Zen, a prática da meditação é o “estudo” mais importante. A prática de meditação sentada é chamada de Zazen. A técnica de meditação típica da escola Soto Zen é chamada de Shikantaza – apenas sentar-se.
O estudo de textos deve ser feito com extrema cautela. É muito fácil para um iniciante interpretar equivocadamente um ensinamento budista, seja pela inexperiência, pela complexidadade do tema ou pela tendência humana de se adicionar opiniões e interpretações pessoais a temas pouco compreendidos. Por esta razão os líderes de grupos não são considerados professores e não estão autorizados a ensinar, são organizadores e facilitadores da reunião de interessados. A melhor forma é a simples leitura dos textos, levantamento das dúvidas e encaminhamento delas para praticantes mais antigos ou preferencialmente a professores do Dharma qualificados e reconhecidos, no caso de dúvidas mais complexas. E novamente, a prática da meditação é o estudo mais importante.
(Trecho do manual para fundação de grupos de estudo, em preparo pelo Instituto Educacional Todatsu, redação de João Destri)