Pergunta: A aceitação das formas é uma maneira de deixarmos de lado o nosso eu, o nosso ego, não?.
Monge Genshô: É verdade, é bem colocado porque quando a gente tem uma opinião a gente vai para a prática e se diz por que é assim, por que não pode ser de outra forma. Quando você está colocando opiniões elas normalmente são vaidade, orgulho pessoal e manifestação do ego. Talvez o problema que eu estou abordando aqui é que há expectativas quando a pessoa vem praticar e ela não sabe essas nuances. Ela não sabe que a melhor forma de praticar é começar a praticar e não pensar. É muito mais fácil a gente ensinar o Zen para um aluno que vem de uma prática séria de artes marciais porque nas artes marciais isso já ocorre. O aluno começa e a gente diz faça assim e não tem muita opção para ele dizer não dá para dar o soco assim, ou eu quero fazer diferente, ou eu tenho uma idéia diferente. Pelo menos no meu tempo quando o aluno dizia isso o professor dizia: muito bem, mostre. E ele rapidamente aprende que não é um lugar para ele ficar manifestando opiniões. É um lugar para ele aprender. Ele foi lá e se colocou na posição de aluno e está ali para aprender e só começa a pensar sozinho depois de bastante tempo. Só quando ele tiver realmente um cabedal de conhecimentos é que vale a pena começar a cogitar. É como aprender piano. Um aluno vai à aula de piano e o professor diz assim: esta nota aqui é dó,dó-ré-mi. O aluno diz: mas eu não gostei, porque não é ré-dé? Vai levar muito tempo para ensinar esse aluno.