A palavra “sutra”, em sânscrito, significa literalmente fio. O fio que percorremos, alinhando as escrituras dos ensinamentos, de modo que possam ser seguidos. E dela derivou a palavra sutura, em português, a costura curativa que se faz para reunir os bordos de uma ferida, por exemplo, para costurar tecidos, para curar, sanar danos.
Assim, existem condutas curadoras e condutas que ferem e separam dentro de uma comunidade. A virtude está em ser aquele que une, aquele que não desagrega, aquele que junta, aquele que cura as feridas, aquele que faz o papel da sutura, aquele que faz o papel do fio, do sutra.
Quando falamos dentro da comunidade, nossas palavras devem ser as palavras que unem, as palavras que pacificam, as palavras que evitam as críticas e tentam colaborar, unir e causar sensação de conforto.
Todas as vezes em que nossas palavras causarem qualquer desconforto ou qualquer sentimento de desagregação, estamos errando e todas as vezes em que agregamos, juntamos, provocamos a harmonia, estamos certos. Assim, os praticantes devem cuidar, como Buddha falou, de ter uma língua de mel, aquela que procura as palavras agregadoras, as palavras que confortam, consolam, incentivam e encorajam. E quando nos ocorrerem quaisquer palavras que causam sensações contrárias, devemos calar, silenciar e procurar outras formas de nos manifestarmos e colaborarmos.
O nosso papel deve ser o papel da sutura e as nossas palavras têm que ser como os fios que unem os ensinamentos do Dharma. Uma boa imagem é a imagem do nosso rakusu, que é feito de retalhos cuidadosamente unidos por fios. É ao juntar, ao costurar, que unimos e fazemos um objeto belo daquilo que antes eram meros retalhos rejeitados.
Teishô Matinal proferido por Meihô Genshô Sensei, agosto/2021.