Aluna (Suuen San): Outro aspecto importante é que a pessoa varia com o tempo. Você pode ter uma boa realização no início da sua prática, e de repente 2 anos depois afunda, você sente a sua prática horrível, então a gente não tem uma garantia de estabilidade.
Monge Genshô: E a análise do que está acontecendo normalmente é errada, porque quando a pessoa começa as experiências são brilhantes, depois que passa algum tempo aquilo que ela conseguiu já está atingido e ela quer mais, mas ir mais fundo é mais difícil. Lembra? “Os portais do Dharma são incontáveis, eu faço o voto de atravessá-los todos”. A imagem é assim: você abre uma porta e acha uma maravilha, aí tem outra porta, você quer passar a outra porta porque a experiência anterior foi maravilhosa, mas a próxima porta é mais difícil, mas você abre e anda um pouco e encontra outra porta, e as portas não acabam. Se você tiver uma experiência iluminada, agora é que começa o caminho, porque até então foi preparação.
Em geral os alunos todos estão em preparação para ter a primeira experiência. Lembram-se da história de Joshu e Nansen? Joshu foi para o monastério quando criança e teve a primeira experiência de iluminação com 18 anos, junto ao grande mestre Nansen, e daí então ele ficou praticando com Nansen e atingiu uma iluminação de alto nivel com 54 anos. Atingida tal iluminação e com a morte de Nansen, passou a visitar outros mestres para testar-se, trabalhando em si mesmo até os 80 anos. Só aos 80 Joshu aceitou ser a luz, transformando-se num professor e trabalhando até os 118 anos. Ele morreu no ano 897 a.C.
[N.E.: transcrição de trecho de palestra realizada pelo Monge Genshô Sensei]