Monges assistem aula de história budista em Yokoji no programa de certificação de professores da SotoShu.
Sobre a declaração de que os textos japoneses e chineses tenham sofrido acréscimos e modificações e os textos de origem tibetana não o tenham há alguns dados a considerar:
Afirmação: “É bom lembrar que as traduções ao chinês e japonês, ao contrário das
traduções ao tibetano e dos originais em sânscrito – muitas vezes foram corrompidas.”
Resposta: Os sutras mahayana muitas vezes são textos compósitos, sendo o texto final uma superposição de camadas diferentes de diversas épocas, com aparência diversa, cada sutra individualmente não apresenta necessariamente um todo coerente. Daí surgiram tradições de exposição sendo que estas formaram escolas.. Este surgimento vai do sec 1DC até 600 -700DC.
A linguagem dos primeiros sutras Mahayana é a “MIA” Médio Indo-Ariana, e posteriormente transcritos para o sânscrito , originais sânscritos nem no Triptaka, o sânscrito era lingua morta a este tempo, (foi usado o Páli) foi ressuscitada no período Gupta (320-540 DC) que readotou o sânscrito, língua religiosa, como língua oficial.(Um equivalente moderno ocorre em Israel, a ressurreição do hebraico). As porções sobreviventes sobrevivem num misto MIA/sânscrito, chamado sânscrito budista híbrido, e a prosa explanatória normalmente em sânscrito puro, sugerindo já a interpolação.
O Mahayana não produziu um cânone mas normalmente incluiu o Triptaka aceitando-o. Muitos dos sutras mahayana se auto descrevem como vaipulya (expandido) expansão do ensinamento.
O Mahayana declara que estes sutras foram ensinados em um nível arquetípico e não para todos os seres, assim se declarando um ensinamento superior ao dos sutras do cânone antigo. Há mesmo uma tradição de um Primeiro concílio alternativo presidido pelo Bodisatva Manjusri e que teria ocorrido em um nível arquetípico e no qual Buda os teria recitado em seu tempo histórico, sec 6 AC. Mas a exegese não apoia tal tese fantástica, isto pois há crítica aberta a ensinamentos e prática Hinayana (erroneamente assim chamada) reconhecidamente anterior.
Cerca de 600 sutras Mahayana sobreviveram.
Agora, um sutra como o Sutra do Coração tem evidências de ter sido primeiramente produzido em chinês, e posteriormente traduzido para o sânscrito. É datável de entre 300 a 500 DC, antes da introdução do budismo no Tibete.
Os textos tântricos, caros a tradição tibetana são datáveis entre 500 a 1000 DC.
O Sutra do Lótus situa-se entre 100 AC a 100 DC, é um texto compósito. No capítulo XI um Buda ancestral surge para dizer que o sutra não é novo mas que já foi pregado em épocas passadas.
O Sutra Avatamsaka é longo e compósito também.Teve secções traduzidas para o chinês por Lokaksema no sec II DC, supõe-se ter chegado a forma atual pelo sec IV DC, contém dois sutras que circularam independentemente e sobreviveram no sânscrito o Dasabhumika e o Gandavyuha, baseou a escola Hua-yen.
O budismo tibetano tentou sínteses incorporando todos os sutras, por esta razão sua ênfase nos sastras (comentários) estes recebem primazia nos programas de educação monástica. Uma abordagem diferente da japonesa por exemplo, onde as escolas são em larga medida especialistas. No entanto a tradição tântrica entra aí com contraste introduzindo práticas já presentes na Índia e que foram firmemente recusadas na China por seu conteúdo sexual.
Alguns destes tantras yogini foram indubitavelmente transcritos dos tantras Saivitas e adaptados para propósitos budistas por algum redator.
Há muito mais dados a serem considerados e podem ser encontrados no já abundante material disponível, assim, sabendo as origens e transcrições cruzadas, e o fato de muito do material ter passado anteriormente pelo chinês, (e o sânscrito provir do ressurgimento Gupta), afinal o Tibete só viu o budismo realmente 1200 anos depois de seu surgimento, o alegar de uma superioridade dos textos tibetanos não se sustenta.