Num pequeno mosteiro birmanês, viviam 100 monges, sobraram 31; noutro, eram 1.800. Desapareceram 1.000. Por toda Mianmar, a dúvida persiste: onde estão os monges? O governo reconhece que, durante os protestos, fez 3.000 prisões de monges e de civis. Mas garante que só 90, os líderes, permanecem atrás das grades.
É difícil que qualquer um dos números seja verdade. Monges foram assassinados, ninguém sabe quantos. Muitos deixaram seus mosteiros com medo da violência policial e tomaram o rumo do interior. Vivem escondidos. Ainda há os que, tendo sido presos, foram obrigados a largar seus mantos para substituí-los por roupas civis.
Alguma coisa aconteceu: eles desapareceram (veja reportagem da revista Newsweek em inglês). A única informação que há por parte do governo, no entanto, é que não há nada de novo e a calma reina no país após a desordem. Os diplomatas estrangeiros não conseguem notícias.
Mianmar é um país profundamente religioso, o budismo é parte do dia-a-dia de todo birmanês e os monges são tratados com todo o respeito possível. Uma das leituras é que a tática do governo de reagir com particular brutalidade contra os monges funcionou. Se fazem isso com os homens santos, o que não fariam com civis?
O que reina é um medo profundo – e é só o medo que sustenta o governo no poder.
postagem original: Weblog de Pedro Doria