O Zen e o Ceticismo

O Zen e o Ceticismo

Buda era um rapaz muito inteligente. Ele teve o privilégio de ter uma educação esmerada para o seu tempo, pois era príncipe. Ele era da classe xátria, os governantes. O pai dele era rico como rei de um pequeno principado, podendo dar a Siddharta Gautama Shakyamuni (da tribo dos Shakya), tanto filosoficamente como nas artes da guerra, pois era da classe dos guerreiros, dos Shakyas. Então Buda teve muita educação na espada, no arco e flecha. Existem várias histórias em torno das suas habilidades, e provavelmente parte dessas histórias é mítica, pois à medida em que o tempo passa, mitifica-se um personagem.

Shakyamuni era naturalmente cético. Percebe-se, nos raciocínios dele, que ele não aceitou nada. Ele chega ao radical de dizer que nenhum dos alunos budistas deve aceitar as coisas só porque alguém disse. No fundo, na prática, vocês não são obrigados a aceitar nada que o Sensei disse, não existe nenhum dogma, não é isso. A estrutura do budismo é experiencial, você tem que ir lá e experimentar.

O que você tem que ouvir do professor é: “olha essa técnica é boa e funcionou para mim. Zazen é assim, faça assim que você também vai ter uma experiência”. Se você tiver a experiência você não precisa mais acreditar, pois tem sua própria experiência, portanto sua sabedoria própria. E a cada passo que você dá, você ganha sabedoria. Sabedoria substitui qualquer crença. No fundo, a palavra “fé”, no budismo, refere-se mais à confiança no ensinamento: “olha, o ensinamento funciona. Se você não vê o funcionamento, você precisa testar mais um pouco para ver se funciona”.