O vazio, é um conceito muito difícil de ser agarrado. Essa palavra é muito raramente encontrada no canon e atribui-se a Nagarjuna, no primeiro século depois de Cristo, a primeira explanação extensa sobre o tema da vacuidade. Esse vazio também não pode ser descrito e a ele também não podem ser dados atributos, mas dele surgem todos os fenômenos e manifestações dos seres, de todos nós. Tais fenômenos ocorrem na superfície da vacuidade, e eles são a própria vacuidade.
Nós somos o vazio, a vacuidade se manifestando. A única maneira possível para que a vacuidade surja é através das manifestações fenomênicas dos seres, do universo, de todas as coisas. Mas essas manifestações em si, do ponto de vista do budismo Zen, não passam de manifestações cármicas e, nesse sentido, vazias (de um eu inerente) , pois são interdependentes, impermanentes e não existem por si mesmas. Só existem porque elas precisam se manifestar por força dos impulsos cármicos que as geram.
Como as ondas são geradas na superfície do mar pelos ventos, assim também nós somos gerados na superfície da vacuidade ( a analogia falha no ponto de que a vacuidade não é um ente por si mesma) pelos ventos de nossos próprios impulsos. É por isso que estamos todos sentados nessa sala, e nada mais somos do que seres de apegos e desejos.
(continua)