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Assim, o essencial na compreensão desse elo da originação dependente, Vijñāna, é que a consciência surge a partir do Saṃskāra, de marcas culturais, portanto, que nós carregamos mutuamente. E, por isso, somos capazes de entender as mensagens de outros, como é o caso do emoji. Se não houvesse uma partilha nossa das mesmas referências, eles não seriam tão transparentes na emoção que querem transmitir.
Pergunta: Como equilibrar a vontade consciente de retornar ao momento presente e manter a postura com o apenas sentar, não buscar obter nada no zazen?
Genshō Sensei: Como equilibrar a vontade consciente? Simplesmente nós sentamos descartando todas as outras coisas. Nós não podemos nos sentar cultivando ambições, objetivos, metas… porque isso vai criar uma perturbação que, me refiro sempre como uma mente aquisitiva, e essa mente que quer competir, que quer obter algo, ou quer se distinguir em relação aos outros, vai perturbar.
Não se trata de equilibrar a vontade consciente. Basta apenas não considerar. O exercício que fazemos no zazen é não considerar. Não há nenhuma estratégia.
Às vezes, pessoas me escrevem dizendo que técnica ou estratégia eu uso para isso ou para aquilo. É que quando você se concentrar em técnicas e estratégias, em contar, em procurar empregar uma determinada técnica, você está fazendo coisas preparatórias para o zazen. Porque o zazen é fazer nada, é apenas sentar-se. Não é usar uma determinada técnica para conseguir algo. É sentar-se sem nada.
É extremamente difícil, eu sei. Mas é um salto chegarmos diretamente a essa prática. Por isso o Zen é chamado de caminho direto. Porque é um caminho usando já a técnica mais difícil como abordagem. Em vez de usar muitas técnicas preparatórias e graduais, tentando chegar a um determinado nível, não, vamos logo para o nível mais difícil. E vamos tentá-lo.
Se não conseguir… então, retorno para uma técnica, uso uma como contar respirações, por exemplo, é válido. Você conta as respirações até 10, depois volta até 1. Começa do 1 de novo. Se você se perde no meio do caminho em pensamentos, retorna para o 1.
Isso é Shikantaza? Não, ainda não é. Ainda não é zazen. Ainda é uma técnica preparatória de contar respirações para acalmar sua mente. Estamos usando uma âncora para nos acalmar. Mas ainda não é Shikantaza.
Shikantaza é apenas sentar-se e não cogitar nada./p>
Pergunta: A prática de rememoração de Buddha nas atividades diárias possui algum lugar no Zen?
Genshō Sensei: Sim, como todas as práticas do tipo imitar o comportamento de Buddha, pensar o que meu mestre faria em determinada situação, que é uma idealização, porque o mestre também não é perfeito, elas servem como técnicas para trazer um foco para as atividades diárias. E chamamos isso de práticas. Isto é praticar. É tentar focar nossa mente em outro padrão de comportamento. E é o que vai mudar tudo com o tempo.
Pergunta: Isso explicaria o conflito de gerações, não é
Genshō Sensei: O conflito de gerações pode suceder porque naturalmente estamos em estágios diferentes da vida. Mas existem pessoas que não passam pelo conflito de gerações. Existem adolescentes que não parecem adolescentes. Existem crianças que já parecem adultos. Então, conflito de gerações é natural, mas também não é uma regra.
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Palestra proferida por Genshō Sensei em teishō na Daissen Virtual em maio de 2024.