(continuação)
Monge Kômyô: No Zen, muitos monges zen vem das artes marciais. Não é incomum. O monge Tokushi, por exemplo, é um professor de Aikidô. Genshô Sensei também teve uma origem, quando mais jovem, em artes marciais. Eu entrei no Zen pela arte: a poesia, a pintura. Então quando eu falo da prática zen, estou falando de arte. Para mim, Zen é uma arte. A arte aqui é a arte de estabelecer a capacidade de enxergar as coisas de forma mais clara possível, mais consciente. Para terminar, mais um aspecto do sesshin, que é a alimentação. Ao nos alimentar, também estamos fazendo zazen.
O silêncio, como eu falei para vocês, é uma oportunidade. E qual é o fundamento dessa oportunidade? É a chance de nós praticarmos a respiração, a atenção plena a tudo o que nós fazemos. Então quando vocês forem comer, cada bocado de comida, não precisa ser devagar, mas façam com atenção à respiração e com o máximo de cuidado possível. Observem o bem estar dos nossos companheiros, todos nós. Mesmo sem falar, nós podemos ajudar uns aos outros. Repito para vocês mais uma vez que o silêncio se estabelece como uma forma de nos ajudar a perceber as coisas com mais intensidade. Mas isso não impede que nós possamos nos comunicar uns com os outros de uma forma mais sutil.
A idéia de nós não nos cumprimentarmos no retiro não é para evitar o cumprimento em si. Mas é porque… o macaco louco dentro da nossa cabeça ainda está muito ensandecido. E até mesmo a pequena distração de olhar para alguém e falar “olá, bom dia”, já pode tirar a nossa mente do lugar. Quando você consegue estabelecer bem a sua mente, aí você pode cumprimentar. Mas o cumprimento também é zazen. Estamos aqui agora conversando. Estou tentando falar algumas coisas. Estou praticando a respiração aqui. Eu estou praticando o zazen. Aproveitem e pratiquem também. (Final)