No mundo de hoje é mais fácil uma pessoa morrer de suicídio do que em guerras, ou assassinada. No fundo, o mundo mudou imensamente, mas nós não conseguimos enxergar. Em contrapartida, a angústia existencial aumentou. Na Coreia do Sul, na década de 1980, o índice de suicídios era relativamente baixo. Naquela época, A Coreia do Sul tinha uma renda semelhante à do Brasil. Só que dessa época para cá a Coreia do Sul enriqueceu, então as pessoas têm comida, emprego e educação como nunca tiveram antes. 30% das pessoas têm cursos universitários, o crime é baixo, o nível de vida é alto e o índice de suicídios triplicou.
Essa angústia existencial é a mesma que Buda sentiu. “Qual é o sentido da vida se eu vou envelhecer, adoecer e morrer? O que é essa vida? Por que nós existimos assim?”. Essa foi a essência da angústia de Buda, foi por isso que ele foi meditar.
Nós não podemos nos conformar com a ideia de que a nossa vida já está certa, ou que as coisas são como nós vemos. Nós temos que compreender que existe algo muito mais profundo para ser descoberto, e que as nossas vidas não podem ser desperdiçadas. Por isso aquela oração no fim do dia: “eu vos peço encarecidamente, não percam tempo. O tempo rapidamente se esvai e a oportunidade se perde, cada um de nós deve se esforçar para despertar”, porque que sentido teria a vida vivida num pesadelo? Que sentido tem viver a vida se enganando ou tentando se distrair para não ver a vida? Eu não quero ver a vida, então vou a uma festa com uma música bem alta com a qual eu não consiga nem conversar, apenas deixarei minha libido se manifestar, me embebedarei, me entorpecerei, e no dia seguinte terei dor de cabeça, talvez até vomite. E depois vou contar: “ah, eu estava muito louco, foi muito divertido”. Do ponto de vista de Buda isso é o inferno, e sua vida no palácio com diversão, amantes, bebidas, aquela vida era um inferno, porque ela não realizava mais nada além de velhice, doença e morte.