(…) o budismo não é nem eternalista e nem niilista. São dois extremos negados por Buddha, mas se não há um plano ou intenção, nem um criador, então a existência só tem o sentido que nós mesmos dermos a ela. Não recebemos missões, recebemos uma folha em branco e é sobre ela nós escrevemos. Fazemos de nossas vidas o que quisermos, damos o significado que quisermos dar a ela.
Não estamos submetidos a nenhum destino pré-escrito nem temos que dar contas a alguém que vá nos castigar ou nos premiar, pelo contrário, caminhamos sobre o caminho que pavimentamos com nossas ações. Somos nós os grandes autores do nosso karma, da nossa história, da nossa vida. Uma enorme responsabilidade está sobre nossos ombros. Somos os autores durante larguíssimo tempo, durante a história do universo onde estivermos, mas nós mesmos e o universo inteiro somos um. Esta manifestação nesta vida é uma fagulha. Uma bolha de sabão que surge e desaparece num tempo infinitamente minúsculo comparado a toda a história do universo.
Cada um de nós é o autor. O roteiro é nosso, profundamente influenciado pelas nossas ações passadas. Neste lapso podemos mudar nosso karma então o dedo do budismo aponta para a liberdade. (…)
Trecho da palestra proferida por Meihô Genshô Sensei, Zazenkai, 2019.