O Quinto Elo – Parte 2 | Monge Genshō

O Quinto Elo – Parte 2 | Monge Genshō

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Só que vocês não estão acessando todo o resto, estão acessando só esta aula. Mas o resto está aqui, não está? Tanto que vocês pegam seu celular e abrem em qualquer canal, em qualquer rede, e vocês verão uma outra mensagem, que, portanto, está passando por aqui, por nós agora, atravessando nossos corpos. A quantidade de informação que passa por nós é incrivelmente alta, mas você seleciona e vê apenas um pedacinho. Você não pode dizer que o resto não está passando por aqui agora, porque você sabe que está passando e todos podem acessar.

Agora, com essa tecnologia dos celulares e tudo mais, todos podem se dar conta facilmente de que existe um universo imenso de coisas acontecendo e passando por nós que não sintonizamos e não vemos.

Isso é importante do ponto de vista budista, porque sempre foi pacífico para os mestres budistas do passado que existe uma multiplicidade de mundos inalcançáveis por nós aqui e agora, pois a nossa janela de percepção é muito estreita. Você só percebe algumas coisas muito limitadas, e seria impossível perceber todas ou estar consciente de todas, assim como é impossível estar consciente de todas as mensagens de celular, de todas as coisas que passam por nós a todo momento.

É transparente para qualquer um que pare um pouquinho e pense que é perfeitamente possível que existam outros planos de existência convivendo conosco agora, ao nosso lado, sem que nós os percebamos. Portanto, não é nem um pouco absurdo compreendermos que existe um mundo dos Devas, dos Asuras, dos Buddhas, dos Bodhisattvas, milhares de formas de manifestação inalcançáveis para nós, porque não estamos nessa frequência nesse momento.

Estamos limitados a um determinado mundo, que já é ele tal como é, inundado de informação. De tal modo que nós não poderíamos dar conta de mais informação do que a que estamos recebendo agora. Você tem que ver o que está vendo agora, mas não é possível ver todas as imagens transmitidas pela internet ao mesmo tempo.

Há um conto de Jorge Luís Borges, O Aleph, em que ele supõe uma visão de um pequeno globo onde tudo, todas as imagens, todas as coisas estão presentes ao mesmo tempo. E a descrição dele, se vocês tiverem a oportunidade de ler O Aleph, é literariamente magnífica. Mas não existe espaço para nós lermos tudo e estendermos todas as considerações que podemos fazer a esse respeito.

Vejamos que tudo o que fizemos, em termos de ciência, foi extensão dos nossos próprios sentidos. Quando pegamos a primeira lança no passado, ela era uma extensão do nosso braço. Nós inventamos o microscópio ou o telescópio, extensões da nossa visão, tentando ampliar essas limitações de que estamos falando agora.

O microscópio é para olhar o muito pequeno, o telescópio para olhar o muito distante. Mas agora, nesse exato instante, até coisas que eu já falei no passado parecem já ultrapassadas. Por quê?

O telescópio James Webb foi colocado para olhar uma área do céu tão pequena quanto seria uma moeda colocada a 25 metros de distância de você.

Imagine uma moeda colocada a 25 metros de distância e aquela área delimitada do céu por essa moeda. Então, fotografamos com o James Webb essa área do céu para tentar ver o que haveria nessa área vazia do céu para nós aqui. Quando vocês olham para o céu agora, só veem a Via Láctea. Não veem sequer as outras galáxias. Vemos as Nuvens de Magalhães e Andrômeda como nebulosidades no céu, e, por isso, antes eram chamadas de nebulosas.

[CONTINUA]


Palestra proferida por Genshō Sensei em teishō na Daissen Virtual em 24 de fevereiro de 2024.