[CONTINUAÇÃO]
Um aluno meu, esses dias, me disse: está tudo igual, mas tem alguma coisa diferente. Ele está falando exatamente disso. Não percebeu ainda a profundidade do que está dizendo. Mas o mundo é o mundo. Só que ele surge a partir de uma interação entre o observador e o objeto observado, e se existe uma identidade entre o objeto e o que você interpreta e sente, se eles são coemergentes e um depende do outro, se um Zafu só é um Zafu para aquele que o olha como Zafu e, portanto, ele se torna Zafu porque você o olha como Zafu. Então, todo mundo que você enxerga, toda a realidade que você enxerga, pode ser alterada se você alterar sua interpretação. E isso pode ser indizível, inefável, difícil demais de ser colocado em palavras, porque a percepção toda mudou, mas tudo continua exatamente como era. Mas se você mudou a maneira como você vê, o mundo mudou também.
E é por isso que Buddha diz: eu e a grande terra, simultaneamente, atingimos a iluminação. Por quê? Porque todo mundo que ele está vendo se alterou. É isso que aconteceu.
E essa é a aula sobre o Quinto Elo. Espero que não tenha ficado difícil demais, mas essas citações sobre a mecânica quântica às vezes levam as pessoas a achar que tudo é quântico, o que não é errado dizer, já que tudo é quântico, afinal de contas os átomos são quânticos. Mas as palavras que não são entendidas às vezes são usadas para mistificar o mundo. Então existem pessoas por aí vendendo massagem quântica, astrologia quântica e etecetera e tal. Na realidade são pessoas que nem sabem o que Bohr ou Heisenberg ou os grandes nomes da física quântica especificaram ou falaram, sobre esse assunto da percepção sujeito e objeto.
O interessante é que aquilo que a filosofia começou a consolidar a partir do século XVIII e na ciência física no século XX mesmo a partir de 1930, ou seja, menos de 100 anos atrás, é um tipo de visão que o Budismo já há 2.500 anos havia feito. A realidade é uma interpretação.
Palestra proferida por Genshō Sensei em teishō na Daissen Virtual em 24 de fevereiro de 2024.