“Nas famílias japonesas o “Culto aos Antepassados” e as “Celebrações de Homenagem Póstuma” se tornaram quase uma obrigação que é mantida de geração para geração e poucos conhecem o seu verdadeiro significado e sua verdadeira origem. Fazem desse culto um fardo pesado a ser carregado pelos descendentes que nem sempre se sentem satisfeitos com isso e acabam por mantê-lo apenas devido a um medo supersticioso de que se não realizarem os cultos de maneira correta e nas datas corretas os “espíritos” dos antepassados não se sentirão satisfeitos e poderão voltar como “espíritos perturbadores”, causando doenças, acidentes e inúmeros problemas familiares.
Esse ponto de vista nada tem a ver com o Budismo. Parte dessa crença nasceu na China, na tradição do Confucionismo, que utilizava o Culto dos Antepassados como uma forma de manter a agregação e a estabilidade social. Outra parte muito forte desse medo foi herdado do antigo Shintoísmo (religião autóctone japonesa), onde a morte é vista como algo impuro e o “espírito” dos mortos têm que ser cultuados e purificados até chegarem à condição de “espíritos celestiais” ou até mesmo de “deuses” (Kami), do contrário, se tornarão espíritos errantes e perturbadores. Segundo o Budismo, esta não é uma maneira correta de pensar.
De acordo com o Budismo, a atitude correta em relação ao falecido é vê-lo, humildemente, como um mestre que nos ensina sobre o caráter transitório e finito de nossas vidas. Isso é chamado no Budismo de “impermanência”. Além do mais, é graças aos nossos antepassados que nós estamos vivendo atualmente. Nós herdamos através de nossos pais essa vida que chegou até nós através de uma linhagem incalculável de pessoas que existiram antes de nós. Para o futuro também, através de nossos filhos, netos, bisnetos e etc., essa mesma vida será transmitida, como se fosse a semente de uma árvore, que gera uma nova árvore, que dará novos frutos e estes por sua vez novas sementes que gerarão novas árvores, assim infinitamente, enquanto houver condições da vida se manifestar.”
Trecho de texto do Rev. Wagner Bronzeri
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