O que é pior?

O que é pior?

Uma advogada pergunta: O que é mais grave? Quebrar os preceitos monásticos ou cometer um crime que está previsto na Constituição Federal?
Para o praticante budista os preceitos sem dúvida são o seu guia, a constituição pode dizer que consultar o youtube ou usar seus vídeos é crime, no entanto a sociedade toda já age de forma diversa e naturalmente a lei será alterada, como sempre sucedeu. Os preceitos existem há 2600 anos, a constituição desde 1988 e está sendo continuamente emendada para se adequar aos novos tempos.
O praticante precisa discernir qual o efeito cármico de suas ações, e escolher como agir dentro do contexto, cada um o fará dentro de seu entendimento mas os efeitos virão sem dúvida alguma.
A confusão provem de se confundir o direito com a justiça ou com o bem.
Um praticante, por exemplo, não conta piadas maliciosas, não porque a lei o proíba, mas porque fala correta é um preceito budista. Um monge não tem vida de festas não por alguma lei, mas pelos votos que assumiu. Os preceitos vão muito além em ética do que as leis forjadas pelos nossos políticos.
Para ajudar a compreender por que a pergunta “o que é pior?” provem de relativismo moral e é impossível de ser respondida filosoficamente:
“Há duas vias de relativismo moral: o dogmático («Há muitas interpretações sobre o bem e o mal, mas uma ou algumas são preferíveis às outras) e o céptico («Há muitas interpretações sobre o bem e o mal, é impossível hierarquizá-las, valem todas o mesmo»).
Por definição, no subjectivismo a verdade é íntima a cada um e não é comunicável a outros, universalizável.
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O subjectivismo admite, de um modo geral, a coexistência de múltiplas verdades que se contradizem entre si, ainda que, a maioria dos subjectivistas sustente que «a minha verdade é a mais acertada ou a que mais me convém». No pormenor, no juízo aplicado a cada caso, somos todos subjectivistas éticos.”
(Francisco Queiroz)
No caso do budismo há relativismo dogmático, ou seja hierarquia de faltas, aqui vai a lista das mais graves:
A tradição indica que existem cinco ações que produzem um renascimento certo e imediato em uma situação de sofrimentos infernais:
– matar o pai
– matar a mãe
– causar cisão na Sangha
– ferir um Buda
– matar um Arhat
Assim sendo, estes crimes estão acima dos outros em consequência, não importa qualquer lei humana que possa ser citada.