“O que acontece conosco quando morremos?” perguntou uma mulher. “Se nós não vamos para o céu ou inferno nem renascemos em outra vida, o que acontece conosco?”.
“Isso é o Ego falando” eu disse. “O ego fica pensando sobre si mesmo como uma criatura eterna. O ego habita no ‘tempo’ mas ‘eterno’ significa fora do tempo. Assim poderíamos também perguntar o que acontece com a gota de chuva quando cai em seu devido tempo? Muitas coisas podem acontecer; mas para nossas propostas, nós dizemos que em seu estado material, não é nem criada nem destruída e aceita que eventualmente retornará ao oceano. Nossa ‘individualidade’ como uma gota de chuva desaparece quando nos fundimos com o oceano mas nossa natureza como água continua a mesma … nós retornamos à fonte, mas é uma fonte da qual nunca saímos.”
“Quando nós reconhecemos que o ego não existe em qualquer sentido real mas somente como um artifício da mente, não há mais nada que precise de explicação e a noção de renascimentos é vista nada mais do que um jogo intelectual. A pessoa, como a gota de chuva, se funde ao mar e o Dharmakaya, um mar onde individualidade, em qualquer modo de concepção, está totalmente apagada. Se separa uma molécula de água do oceano em uma gota quando um de nós morre e outro nasce? Talvez sim, talvez não, mas é uma questão fora do Zen porque é intelectual. Quando tentamos usar o intelecto para agarrar a realidade nós sempre retornamos as mesmas limitações da mente. Se respondermos a questão intuitivamente, nós diremos que nunca houve separação entre a gota d’água e sua fonte”.
Trecho de texto de Chuan Zhi Shakya, OHY
Tradução por Aluízio Leye Larangeira