Saikawa Roshi entrega o Kesa ao noviço na cerimônia de ordenação monástica.
5. O Estado de Espírito
Da mesma maneira que o Buddha usou tecidos os mais vis para fazer uma vestimenta nobre, quando você se decidir a começar um Kesa, o tecido que você comprar já é um Kesa. Respeite-o assim como mais tarde você respeitará o Kesa que você usará.
Quando estiver costurando o Kesa não o deixe pelo chão. Procure colocá-lo em lugar apropriado e alto. Sobretudo, quando você começar um Kesa, guarde-o sempre presente em vosso espírito. Não espere anos para usá-lo. Mantenha-se concentrado nele mesmo que no início a tarefa pareça árdua e difícil.
O Ponto
Quando se começa um Rakusu ou um Kesa, é bom treinar um pouco a fim de bem compreender o ponto.
Tome um pedaço do tecido e trace uma linha a giz. Enfie a agulha no avesso do tecido e puxe-a acima da linha. Depois torne a enfiar atrás, à direita ligeiramente um pouco abaixo (debaixo da linha) a um ou dois milímetros. Puxe a linha com flexibilidade fazendo um ponto e não um traço. A distância entre os pontos é de um a cinco milímetros.
“O ponto deve ser o menor possível, mas não é preciso que ele se torne decorativo. O importante é costurar a si mesmo. Não se preocupe se o ponto saiu bom ou ruim”.
Kodo Sawaki, Livro do Kesa
Para costurar as partes dobradas (segunda costura) ou as molduras não faça traço a giz, mas costure diretamente de um a dois milímetros da borda.
Os nós de arremates
Sobre o Rakusu ou Kesa não se deve ver nós, mas se não se fizer uso de nós a costura pode desfazer-se rapidamente. O melhor a fazer é esconder o arremate no interior do tecido passando o ponto duas vezes sobre o mesmo lugar.
Mestre Deshimaru dizia que o avesso deve ser tão belo quanto o lado direito porque este reflete o nosso espírito.
Fonte: Grands Classiques Zen – Lê Livre Du Kesa. Traduit e commenté par maître Taisen Deshimaru. Paris.
Tradução: Álvaro Leonel da Cunha