Se você não desenvolver sua visão espiritual, e não souber viver na vida cotidiana, na vida moderna, se você não souber lidar com seu smartphone com sabedoria, então o Zen é inútil. Ele tem que ser útil nessas ações, não fora delas. Não é útil isolado na montanha. Com isso surge uma grande distinção entre o mahayana e o movimento anterior, que é chamado, para diminuí-lo, de hinayana. Os hinayanas jamais se chamaram dessa forma, porque essa palavra significa “caminho desprezível”, enquanto “maha” quer dizer grande, então seriam “o grande caminho” e “o pequeno caminho”. Evidentemente, usar a palavra hinayana para se referir a uma escola é uma conduta sectária.
O ideal anterior era o Arhat, aquele que ilumina a si mesmo, como um asceta que vai para a montanha, medita, liberta-se, morre e está liberto. Derrotou todos os inimigos e todas as paixões. Mas isso é para ele.
O mahayana tem outro ideal: o ideal do mahayana é o Bodhisattva, não é o Arhat, não é o herói solitário. O ideal do mahayana é o barqueiro, aquele que transporta os outros de uma margem para a outra no rio da ignorância, que atravessa o rio para a margem da sabedoria. Por isso “maha prajna paramita”. “Maha” quer dizer “grande”. “Pranja” quer dizer “sabedoria”. “Paramita” quer dizer “da outra margem”.
[Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]