4) Às vezes quando estou mergulhada no zazen, um único fio de pensamento parece querer me tirar deste estado, não parece um pensamento, parece uma consciência conversando comigo, me apontando os defeitos e me criticando. O que é isso?
Monge Genshô – É você mesma, mas você não deve tentar lutar com nada que surja em sua mente, não tente ficar sem pensar. Esse é um erro comum. Quando o pensamento surgir apenas o deixe ir da mesma forma que chegou. Não o agarre, não o siga e, principalmente, não faça encadeamento de idéias.
O céu azul não é perturbado pelas brancas nuvens que passam. Deixe as nuvens, pensamentos, passarem, surgirem e desaparecerem. Qualquer que seja o pensamento, de ódio, raiva, amor, paixão, você não deve se sentir culpada por tê-los. O pensamento é apenas um borbulhar de sua mente. Os pensamentos que surgem em nossa mente estão ali porque em algum momento foram alimentados com aquele tipo de idéia. No zazen você apenas senta, não tente ser ninguém, não tente ser uma boa pessoa, apenas sente.
Durante o zazen não estamos criando muito carma, estamos imóveis, porém, se você alimentar algum tipo de pensamento irá gerar carma, pois está construindo uma mente, não tente construir nada, apenas sente e tente ficar no aqui e no agora. Isso é extremamente desafiador. Sentado você está tentando criar condições na sua mente na qual podem aparecer as experiências místicas, ficando imóvel, calado e no momento presente. Essas experiências de clareza e lucidez são as coisas que desejamos enxergar, mas para isso precisamos de uma mente limpa e a maneira de limpar não é não pensando, pois não pensar é um pensamento. Apenas deixe acontecer. Tetsugen disse que quando você conseguir ficar 40% do tempo de seu zazen em samadhi, com a mente limpa, pensamentos vindo e indo sem que você os toque, o despertar se aproxima.