Sesshin significa tentar consertar a mente praticando mais tempo do que o normal. A lenda sobre Buddha diz que ele sentou-se tão determinadamente que pássaros fizeram ninhos em seus cabelos, significando que ele ficou ali 24 horas por dia. Esta foi uma prática tão intensa que dizemos “o caminho de Buddha é insuperável”, porque não podemos nos imaginar sentados continuamente tanto tempo sem levantarmos momento algum.
Evidentemente isto é um mito, mas esse mito é uma metáfora que nos diz quanto temos que praticar para atingir o estado de um Buddha. Um estado em que as ilusões se dissolveram tão completamente que não existe mais um eu ao qual o karma possa aderir.
É frequente que os alunos me falem que começaram a praticar e tiveram excelentes resultados no início, mas agora parece que não avançam mais. Este é o momento em que não podemos parar, porque a prática produz resultados como se fossem em degraus. Há um platô e depois um avanço e não sabemos quando um insight, uma experiência, vai nos permitir subir mais um degrau. Então recomendo a todos que não sentem pensando em atingir algo, não se sentem querendo progressos. Essa atitude ambiciosa é ela mesma um grande obstáculo. A maneira de praticar é: apenas faça, não pense. Não procure e nem ambicione. Transforme isto em uma parte de sua vida. Quando alguém lhe perguntar porque faz responda “não sei” sinceramente.
Mestres tentando desarmar esse espírito aquisitivo já disseram que sentar não serve para nada, ou mesmo que o zen é uma grande trapaça.
Não pratique o zen para ser superior, pratique o zen para reconhecer a sua insignificância. Entenda que você não tem nenhum valor especial, mas que se praticar determinadamente e ajudar os outros pode ser que sua vida ganhe significado, pode ser que haja grandeza em existir sem pensar em si mesmo. O segredo é esquecer. Esqueça de si mesmo.
Sente-se em zazen da mesma forma que as árvores florescem, da mesma forma que a grama cresce, aja da mesma forma que o vento. Então nós e o universo seremos realmente um.
Teishô Matinal proferida por Meihô Genshô Sensei, dezembro de 2020.