A flor do budismo chegou ao Brasil, com imigrantes japoneses, no início do século XX, este budismo ficou oculto dentro da comunidade de imigrantes e com o tempo estes, na tentativa de se integrarem, foram se convertendo as religiões da maioria dominante. Num segundo momento, nos anos 60, surgiram os primeiros praticantes ocidentais e missionários budistas que se voltaram para os brasileiros. Os novos budistas brasileiros estavam interessados nas doutrinas e na meditação, ao contrário dos japoneses que desejavam conservar tradições e ritos e não eram estudantes da doutrina em sua maioria.
No momento atual cai o numero de autodeclarados budistas no censo, isto se deve a morte dos budistas étnicos, não substituídos por seus descendentes que se assimilam à cultura dominante e suas confissões. Simultâneamente um grupo crescente de simpatizantes do budismo se expande, eles compram livros e alguns tornam-se praticantes de formas de budismo diversas, o Ibope informa que 17% dos brasileiros declara-se simpático ao budismo, numero altíssimo se comparado aos que se declaram budistas, menos de 1%.
Vemos então um movimento interessante, uma simpatia generalizada e crescente, de leitores de livros ou superficialmente informados pela mídia, pequenos grupos nascentes de praticantes de origem ocidental, e uma presença grande na cultura, sob a forma de expressões como: “você está ZEN”, significando a serenidade dos meditadores e a prática de atividades e conceitos influenciados pelo pensamento budista.
Em um lugar como Florianópolis, onde temos uma comunidade zen budista, apenas um dos 385 participantes da lista de e-mails da comunidade é nipo descendente, o movimento que assistimos é o nascimento de um zen budismo marcadamente brasileiro, voltado ao estudo e a meditação. Enquanto cai o budismo de imigração pela absorção cultural e morte dos antigos, cresce um budismo altamente influente na cultura. Como o budismo não se dedica a conversões e não tem ritos de passagem para interessados, é extremamente lento que um frequentador de uma comunidade se diga “budista”, a assunção de uma identidade tal nem é tentada nos centros zen budistas, e tardará a surgir nos censos, enquanto a influência cultural budista se espalha firmemente.
O cálculo da influência budista, desta forma, só pode ser feito de outra forma, e não sob a contagem de “conversos”, objetivo a que se dedicam outras confissões e que é estranho ao budismo tradicional.