De certa forma, quando alguém fala em Deus, não se pode dizer que o budismo é ateu, e, por esta razão, eu prefiro a resposta “o budismo é não-teísta”. É outra resposta. Ele não fala nem considera sobre esse assunto. Hoje, como eu estava falando para teístas, e não queria ofender ninguém, eu disse que o budismo tem uma teologia apofática e isso significa que ele não fala nada sobre Deus. Já houve um ramo do cristianismo com teologia apofática. Quando você lê Meister Eckhart, por exemplo, vê que ele diz: “Deus não existiria se eu não tivesse querido”. Isto é uma declaração e tanto para um monge católico. “Deus não existiria se eu não tivesse querido” – faz parte dos sermões alemães, vocês podem ver, são muito interessantes para quem tiver interesse nessa comparação.
Eckhart é praticamente contemporâneo de Dogen, pois nasceu logo depois da morte deste e viveu na Alemanha. Seus sermões, suas declarações, parecem ter a marca do próprio zen budismo. Depois a Inquisição mandou queimar seus livros, não durante sua vida, mas depois. E é como se Dogen tivesse se manifestado em plena Alemanha do século XIII, Sacro Império Romano-Germânico, como frade dominicano e tivesse ensinado. Esses sermões ele fez para freiras. Vocês podem encontrar na internet. Leiam se tiverem interesse, são de um ser muito realizado espiritualmente.
[Trecho de Palestra proferida pelo Monge Genshô Sensei]