Frequentemente nós temos problemas com a questão do Budismo ser teísta ou ateísta. Com isso, as pessoas geralmente perguntam: “Qual a postura do Budismo com relação aos deuses?” A única questão na qual o Budismo é mais enfático é a inexistência de um Deus Criador, que fez o mundo e todas as coisas. Este conceito é absolutamente estranho ao budismo. O budismo nasceu na Índia, onde a religião predominante possui mais de 300 milhões de deidades1. Esta religião indiana – hinduísmo – também apresenta a ideia de um Deus Criador e sua Trindade (Trimurti) composta por Brahma, o Criador, Vishnu, o Preservador e Shiva, o Destruidor2.
O budismo negou a existência de um Deus Criador, um deus que criasse, julgasse e decidisse tudo. Na realidade, este é o ideal de Deus que permeia toda nossa cultura judaico-cristã e ocidental, nós temos um Deus Criador, um Demiurgo. Contudo, Buda não se estendeu sobre esta questão, por não estar disposto a discutir assuntos não-verificáveis. Logo, algumas pessoas insistem em afirmar que o budismo é ateu. O budismo não pode ser classificado como ateu, uma vez que representaria uma postura ativa de negação de um deus. Ou seja, o ateu estaria disposto a confrontar e provar a inexistência deste deus e o budismo não se propõe a isso. A melhor descrição, talvez, da posição budista seria: O budismo é não-teista, ou seja, ele não fala sobre deuses, mas também não assume a postura ativa de negação, caracterizada pelo ateísmo.
Esta postura está estendida a todos os tipos de deuses. No entanto, surge uma outra confusão, porque quando falamos sobre os 6 Reinos do Budismo: Inferno, Fantamas Famintos (Preta), Animal, Humano, Semi-Deuses (Asura) e Deuses (Deva). Na realidade o termo deuses vem de devas, sem o significado normalmente entendido para deus. O reino dos deuses é uma condição a qual os homens com grande mérito podem ascender. Uma espécie de vida prazeirosa, sem dificuldades, onde tudo é fácil. Esta seria a condição de deva. Porém, eles também têm karma, também decairão, etc… Portanto, não se trata em absoluto do conceito que temos de deuses eternos, ou algo como a concepção hindu.