Quando imagino que no outro lado do mundo, sentada em zazen, com a sua cabeça apontando em direção exatamente oposta a nossa está Jikihô san, que nosso planeta é pequeno, mas que nós espalhamos o Dharma pouco a pouco, e que temos praticantes agora sentados na Alemanha, na Colômbia, no Japão e por todo o Brasil fazendo zazen é verdadeiramente emocionante.
Por outro lado, os seres humanos têm dificuldade em entender que são fluxo de mudanças, um permanente vir a ser. Que nos manifestamos numa vacuidade toda abrangente que é todas as formas, todo o universo, que é o absoluto, a quem os homens sempre quiseram atribuir desígnios, ordens, ou o papel de um pai. Até nos darmos conta que ao sermos as formas, as manifestações do universo, nós somos o universo e que o universo é o próprio vazio, que o absoluto e todas as formas relativas são a mesma coisa, uma completa identidade, até nos darmos conta disso ficamos perdidos na noção de separatividade, nos vendo distintos, querendo ser únicos, querendo permanecer para sempre nessa condição.
Não percebemos que ao sermos parte do absoluto somos tão eternos quanto ele. Aquele que vê isso com clareza percebe que não há ir nem vir e todo medo e toda angústia desaparecem, porque ao identificar-se com o absoluto e esquecer de si mesmos é como se tivéssemos engolido o universo e sido engolidos por ele. Essa consciência grandiosa do absoluto só é percebida quando esquecemos de nós e para isso a primeira coisa é fazermos essa mente inquieta repousar de suas fantasias e perceber com clareza nossa verdadeira natureza além de nós mesmos, nossa natureza absoluta.
Teishô Matinal proferido por Meihô Genshô Sensei, Junho-julho/2021.