O zazen não é uma tarefa de sentar para sofrer, a tarefa é sentar para descobrir quem você é. Nem Buda, nem eu e nem nenhum professor entrega essa resposta, porque ela não pode ser dada. É você quem tem que ir lá e desmontar passado, futuro e quem você acredita que é. Por isso há koans como: “me mostre sua face antes dos seus pais terem nascido”. Quando o Mestre pede isso ao aluno, o que ele está pedindo? Está pedindo que o aluno mostre de verdade quem é ele, além de nome e forma, além do rosto que seus pais lhe deram, além da sua crença em si mesmo. Ninguém pode entregar a resposta para outra pessoa, porque a resposta é um insight interno. Você tem que sentar o aluno e mandá-lo enfrentar o problema de verdade. Não adianta ler os Sutras, ou os textos, vir às palestras e achar que assim você vai alcançar a sabedoria. Não vai. Você vai receber pistas e até um certo ponto é possível explicar, mas não mais que isso. Esse é o problema: não tem ninguém para lhe dar uma resposta, ninguém lhe dirá: “está aqui a resposta, acredite nisso e essa é o despertar”. O despertar não depende disso, não depende de acreditar ou de fé, depende só da confiança de que vale a pena praticar para chegar lá. (continua)