Pergunta – Como ter uma compreensão clara de coisas boas, por exemplo, de compaixão e generosidade? O Senhor estava falando que não existe um “eu” para sentir raiva, mas então quem é o “eu”’ que realiza atos de compaixão e generosidade?
Monge Genshô – O Bodhisattva tem compaixão, mas para ser totalmente iluminado não pode enxergar os outros seres. Não pode haver eu aqui e você aí, de quem eu me compadeço. A visão de um “eu” separado está dentro da segunda Roda do Dharma.
A primeira Roda é a da Virtude, onde existem regras, não faça o mal, pratique o bem etc.
A segunda é a Roda da “Mente de Bodhichita” onde o ser tem compaixão, mas ainda vê o outro.
Na terceira Roda existe a não dualidade, ou seja, entre mim e você não existe diferença, a compaixão já não se aplica.
Sob o ponto de vista teórico sua pergunta faz muito sentido e deveria ser respondida no âmbito da não dualidade, mas não conheço algum praticante Budista que pratique perfeitamente a compaixão, conheço muitos que tentam praticar a virtude, a palavra correta, a mente correta e os pensamentos corretos. Pessoas que mesmo tentando se comportar melhor, ainda têm uma profunda noção de si mesmos e têm pena dos outros, o que é diferente de compaixão. Compaixão é não dualidade, é você realmente se colocar no lugar do outro, sentir a dor do outro, ser o outro, não existem outros seres, você e o outro são a mesma coisa a ponto de você nem sentir compaixão, pois não existem outros por quem se compadecer. É paradoxal para uma mente não dual matar outros seres para comer seus pedaços, por exemplo. Conheço apenas praticantes no estágio da virtude com raríssimas exceções.