Vamos comentar agora o Samadhi do Celeiro da Grande Sabedoria de Koun Ejo Daioshô.
Não procure a iluminação. Não tente escutar os fenômenos ilusórios. Não odeie os pensamentos que surgirão, nem os ame, e sobretudo não os guarde. (TEXTO). Então não procure a iluminação, isto estamos repetindo sempre. Sentamos sem uma busca ambiciosa. Isto é característico da escola Soto. Nem todo o Zen pratica desta forma. Há mesmo prática com procura ativa da iluminação. Mas na nossa escola o nosso fundador Dogen disse que isto atrapalhava demais porque as pessoas ficavam orgulhosas e ambiciosas de alcançá-la, então era necessário desarmar isto e perceber que esta iluminação está agora presente, aqui, como naquela estória do discípulo que pergunta para o mestre – aonde é a porta para a iluminação – e ele diz – você escuta o barulho do regato? E o discípulo disse: sim, e o mestre disse – é ali a porta. Para nós aqui, talvez as cigarras, agora, a porta é ali. Ouçam esta cigarra, onde está o som? Como o mestre Saikawa Roshi pergunta, onde está? Quem pode responder? Um aluno respondeu: na minha mente. O Mestre prosseguiu: na realidade não é assim porque você percebe com a sua mente, mas o som não está lá, ele está também lá com as cigarras. Então não é lá nem aqui, esta pergunta é capciosa. Onde está o som? Os alunos vão ouvindo sobre a mente e respondem naturalmente: está na minha mente, como tudo está na mente, os sentimentos estão na nossa mente, tudo o que está acontecendo, nossa felicidade e a infelicidade estão na nossa mente, então é natural responder está na minha mente, mas não é isto porque a sua mente não está separada da cigarra, na realidade apenas há este som, nem lá nem cá. Simultaneamente lá, cá e no universo inteiro. Não é? Só. É só isto, paz, mais nada. Não odeie os pensamentos que surgirão, nem os ame, e sobretudo não os guarde. Isto significa também não se esforce para expulsar da sua mente os pensamentos que surgem. (COMENTÁRIO)