E essa recitação que fizemos agora é a recitação para colocar o manto, o manto simboliza o manto de Buda, que ele fez com retalhos de tecido jogados fora no lixo. Restos de mortalhas, sujos, que ele cuidadosamente lavou e costurou, fazendo, com isso, uma coisa bela. Exatamente aquilo que devemos fazer conosco mesmos. Separar os pedaços bons, cultivá-los, e jogar fora tudo que não for bom dentro de nós. E, assim, de novo, nos reconstruímos. Então, o manto simboliza a reconstrução que o homem pode fazer de si mesmo. Somos oitenta e sete pessoas, nesse instante, em que começa o Desafio Virtual. E, como disse Hakue-san, mantenhamos nossas câmeras abertas para nos doarmos aos outros e mostrarmos nossa determinação e persistência, que estamos juntos e, assim, dizemos aos outros “estou junto com você, eu persisto, eu sou fraco sozinho”, mas junto com outros nos tornamos fortes. A Sangha nos ajuda a persistirmos a continuarmos no caminho, porque o caminho do autoconhecimento pessoal não é nem um pouco fácil, exige de nós determinação e humildade.
Vemos, a cada momento, nossa dificuldade e que não somos perfeitos, não temos ninguém a enganar quando estamos sentados, quietos, em frente a uma parede, vemos a realidade de nós mesmo, não há ninguém sobrenatural para nos ajudar. O professor não é mais do que um orientador, um guia, não é santo, não é perfeito, não é sobrenatural, não é nenhuma divindade, nenhum profeta e não existem salvadores, nós contamos conosco mesmos e com a nossa determinação. Contar conosco mesmos é o ensinamento de Buda e de que isso é possível, que a Iluminação está ao alcance de todos. Continuemos imitando Buda todos esses dias e isso criará um hábito e esse hábito torna-se forte por si mesmo.
Pergunta: Mais uma pergunta, Sensei, é o Bruno Bacelar, ele quer saber quando um pessoa querida nos diz “Que Deus te proteja”, se nós devemos interpretar como algo em torno de que o Dharma te proteja.
Genshō Sensei: Devemos interpretar como ele nos diz “Que Deus te proteja”. Se é o desejo dele, não é? A interpretação de deus que podemos dar pode ser que o absoluto nos seja favorável em suas múltiplas apresentações, embora nós saibamos que o absoluto não tem intenção, nem um eu, nem pode ser confundido com uma divindade ou qualquer coisa assim, aquele desejo é um desejo benéfico e bom. Eu sempre respondo “Ah, obrigado, obrigado, está ótimo”. Se ele deseja que uma divindade me proteja, por que não agradecer? É um bom desejo. Quando vou a casa do meu sogro, ele sempre diz “Vá com Deus, vá com Deus”. Ele sempre diz isso, eu agradeço. Não precisamos complicar nada, as coisas são simples.
Teishō proferido por Meihō Genshō Roshi, no Daissen Virtual, em Abril de 2022.